O biomédico, nutricionista e treinador afirma em suas redes sociais que o tratamento era exclusivo e que o produto não oferecia riscos à saúde
Lurya Rocha
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Mulheres sofrem graves consequências à saúde após realizarem procedimento estético para dar volume aos glúteos e coxas usando o “Protocolo TX-8”. Os atendimentos foram feitos na Clínica Bracca, com consultório em bairros nobres de Brasília e São Paulo. Apesar do procedimento ser vendido como natural, bioidêntico e seguro por Rafael Bracca dos Santos, biomédico de 38 anos, as vítimas relatam que sofreram com manchas, inchaços e dores fortes.
O biomédico, nutricionista e treinador afirma em suas redes sociais que o tratamento era exclusivo e que o produto não oferecia riscos à saúde, já que não se tratava de hidrogel ou silicone industrial e sim um bioestimulador preenchedor pouco invasivo. Ele explica que o produto é natural e apresenta peptídeos de colágeno, bioativos emulsificados em óleo de coco, mesclas de vitaminas e minerais, aminoácidos e fatores de crescimento não hormonais. Segundo Bracca, a técnica em conjunto com o produto garante um efeito permanente e o valor do processo varia de R$8 a R$30 mil, a depender da avaliação de cada cliente.
O procedimento garante o aumento do volume dos glúteos, o tratamento da flacidez e celulite, além de melhorar os aspectos de simetria. Entretanto, apesar das fotos postadas com o antes e depois do corpo das pacientes apresentando ótimos resultados, clientes denunciaram o profissional após ficarem semanas hospitalares por decorrência da rejeição do corpo ao produto. As vítimas reclamaram de varizes, manchas, inchaços severos e dor forte na região da aplicação, entre outras consequências.
Ao contatar Brecca, elas foram orientadas a retornar a clínica e fazer mais procedimentos, mas as mulheres procuraram atendimento médico em hospitais ao perceberem o agravamento da situação. A empresária Nathália da Silva Teixeira, de 39 anos, moradora de Brasília, chegou a passar 12 dias na UTI e descobriu que foram formados cistos a partir do produto injetado. Ela destacou que, durante as sessões, as injeções foram preparadas sem mostrar o produto.
O caso e a conduta do profissional estão sendo investigados pelo Conselho Regional de Biomedicina e pela 1ª Delegacia de Polícia do DF (Asa Sul). O acusado teve seu CRM cassado mas nega as acusações. De acordo com Bracca, as consequências têm relação direta com a imprudência das pacientes afetadas, pois não seguiram as orientações médicas corretamente.
A presidente regional da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD-DF), Luanna Caires Portela, afirma que os procedimentos invasivos como os realizados na clínica devem ser feitos somente por médicos especializados em Dermatologia ou Cirurgia Plástica.
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