Como definir o sucesso de Stephen Curry no basquete? O que o tornou o maior arremessador de todos os tempos na NBA? Os números não mentem: são 4.080 acertos nos chutes de três pontos nos 17 anos de liga, quase 1.000 a mais que James Harden, o segundo colocado.
Aos 37 anos, o astro do Golden State Warriors segue com tudo: são 27 pontos, 42% de aproveitamento nos chutes de três pontos, 3,8 rebotes, 5 assistências e 1,8 roubo de bola de média nas cinco primeiras partidas da temporada 2025/26. O saldo é extremamente positivo, com quatro vitórias e apenas uma derrota, recolocando a franquia entre os postulantes ao título.

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A NBA de 17 anos atrás, quando Curry iniciou a trajetória profissional, é profundamente diferente da atual. Muito por conta da revolução que o astro liderou na década passada.
Para Brandon Payne, técnico pessoal de Steph, o basquete é muito mais divertido atualmente, justamente por conta do camisa 30.
“Algumas pessoas dizem que ele ‘arruinou o jogo.’ Ele não arruinou o jogo. Ele deixou muito melhor, deixou muito mais divertido de assistir. Se você acha que o jogo é chato hoje, vá assistir jogos da década de 1980, 1990. Veja como era comparado com o que vemos agora. Jogávamos pick’n roll em um lado da quadra e tínhamos outros três jogadores lá do outro lado. Éramos acostumados a ter dois pivôs pesados sob a cesta. Era tudo muito congestionado. Não havia espaço para ser criativo,” explicou.
Brandon Payne esteve em São Paulo e concedeu uma entrevista exclusiva à ESPN, listando os cinco pontos que fazem de Stephen Curry, ‘o’ Stephen Curry.
Conquistas
“Vencer é absolutamente a coisa mais importante que fazemos no dia a dia, ele é um vencedor.”
Poucos venceram mais vezes a NBA que Curry. São quatro títulos, todos pelo Golden State Warriors, além do ouro olímpico em Paris 2024, com atuações históricas na semifinal, contra a Sérvia, e na final, diante da França.
Individualmente, Steph já foi duas vezes MVP, uma vez MVP das finais e 11 vezes All-Star. Além disso, figurou entre os dez mais votados para MVP em todas as temporadas desde 2012, exceto em 2019/20, quando atuou apenas cinco jogos por conta de uma grave lesão.
Grande companheiro de time
“Ele é um cara que todo mundo na NBA quer jogar junto, eles querem aprender com ele, ou simplesmente ficar por perto.”
Ao montar um elenco na NBA, as diretorias das equipes não podem se preocupar apenas com o talento em quadra. O ambiente nos vestiários é tão importante quanto. Por vezes, algumas contratações acontecem visando estabilizar um cenário conturbado, levando um jogador experiente, que todos gostam, para melhorar o clima do elenco.
Curry tem os dois lados. Mais que isso, lidera pelo exemplo. É o grande líder da equipe e sempre cobra seus companheiros quando necessário, mas sem faltar com respeito.
Em 2010/11, Steph venceu o Sportmanship Award, prêmio da NBA ao jogador que melhor representa o espírito esportivo ideal para a liga, comprovando a boa influência com os colegas.
“Quando você está ao redor de alguém que tem todo o profissionalismo, processos, e a gratidão pela oportunidade que tem todos os dias, você não pode fazer outra coisa além de evoluir com ele, aprender com ele”, conclui Payne.
O arremesso
“Ele é o melhor que já existiu.”
De fato, ninguém chega perto dos números de Curry nos arremessos longos. Além das mais de 4.000 conversões do perímetro apenas nas temporadas regulares, mais 650 nos playoffs, o aproveitamento (42%) e a dificuldade em muitas das tentativas fazem dele um jogador único.
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Por isso, Curry sempre é o principal alvo das defesas adversárias, o que abre uma série de possibilidades no jogo dos Warriors. A ‘gravidade’ (capacidade de atrair a defesa) de Steph faz com que vários dos seus companheiros estejam livres ao longo das partidas, o que facilita ainda mais a produção ofensiva do time. E quando ele resolve arremessar, muitas vezes não há marcação que resolva.
Defesa
“Ele é um defensor muito melhor do que as pessoas dão crédito.”
Quando Curry chegou à NBA, havia uma grande preocupação por conta do seu físico. Com ‘apenas’ 1,88m, era considerado franzino, uma presa fácil tanto para os marcadores, quanto para os atacantes adversários. Durante parte da carreira, de fato, Steph não foi um grande defensor no 1 x 1. Além disso, na tentativa de o cansar e prejudicar sua produção ofensiva, também era muito caçado pelos ataques adversários. A percepção de que era muito melhor no ataque do que na defesa também ajudou a criar uma imagem de que o camisa 30 não é um bom defensor.
Mas ao longo da carreira, Curry evoluiu. Houve uma melhora física, mas principalmente na leitura de jogo. Hoje ele consegue se destacar mesmo em meio a especialistas na defesa como Draymond Green e Jimmy Butler, muito por conta da capacidade de avaliar as ações adversárias e emplacar dobras ou coberturas de marcação com maestria, além de ser capaz de não sofrer tanto contra adversários maiores, dando o tempo necessário para que a ajuda chegue.
Poder de decisão
“É o jogador mais decisivo que já vimos (…) Todo mundo no ginásio sabe que a bola vai pra ele, mesmo assim ele fica com ela e acerta os arremessos.”
Os Jogos Olímpicos de Paris foram o melhor exemplo possível para entender o poder de decisão de Curry no basquete. Mesmo ao lado de LeBron James, Kevin Durant e companhia, quando a situação apertou, a bola foi para Steph. Ele conseguiu virar praticamente sozinho a final, que já parecia perdida.
Na NBA, sua comemoração após decidir uma partida já virou marca registrada: é o ‘night night’, indicando, na prática, que a partida acabou. Não à toa, foi eleito o jogador mais decisivo da temporada 2023/24, prêmio criado uma temporada antes.
Em 2025/26, ele segue protagonista nos minutos finais. Na segunda partida da temporada, contra o Denver Nuggets, anotou 12 pontos no clutch time (situações nos cinco minutos finais do último período ou prorrogações em que a diferença é de cinco ou menos pontos no placar), com 75% de aproveitamento no perímetro.







